Texto: Professor
Gilberto Cantú
Se você conseguiu ler esta primeira
frase agradeça a eles: seus professores.
Seja quem for, do mais humilde àquele
que se acha o mais célebre dos viventes.
O SER professor, missão nobre, divina,
mas que recebe pouco ou quase nenhum reconhecimento pelo exercício dessa
missão.
O SER professor que precisa diariamente
ouvir: vamos companheiro, não desista, insista, persista.
Vai para você um NÃO desanime.
Não desanime pela pilha de provas e
trabalhos que levaste para corrigir em casa no final de semana. E chegar à
conclusão: “nossa que desastre”, “não entenderam nada”.
Não desanime pelas aulas preparadas às
meias noites ou madrugadas de todos os dias.
Não desanime por ser professor de
carreira: corre dessa escola para outra. Do contrário, não completa a carga
horária e o salário.
Não desanime pelo almoço apenas
engolido, porque tens que ir ao próximo período ou à outra escola. Ah, o lanche
da escola você está proibido de comer.
Não desanime porque o seu salário
somente é aumentado com dolorosas greves. Ah, tem que repor depois. E somente
você precisa repor uma greve.
Não desanime se os mandatários da
educação, jornalistas, pais dos seus alunos, o dono do boteco, dizem que
recebes bem, tem muitas regalias, duas férias por ano, e que deverias se
aposentar quando trocar os livros pela bengala.
Não desanime por ficar até altas horas
baixando vídeos ou músicas, montando slides, rabiscando atividades, criando
jogos lúdicos para facilitar o entendimento do conteúdo pelo seu aluno.
Não desanime se tens que tirar dinheiro
do próprio bolso para comprar ou preparar o material que a escola não tem.
Não desanime por trabalhar em hora
extra nas festinhas da escola para arrecadar fundos para mantê-la, pois é
necessário cortar gastos, a crise está forte, não tem mais dinheiro para
investir na educação.
Não desanime pela viagem que não
fizeste no final de semana porque não tem tempo ou o salário nem entrou na tua
conta e já acabou.
Não desanime se vais trabalhar doente
porque não quer deixar seus alunos sem aula naquele dia, pois o conteúdo era
importante ou tinha prova.
Não desanime se perceber teu aluno se
perdendo na bagunça, na indisciplina, na falta de interesse e mesmo tentando
salvar aquele cidadão, parece uma batalha perdida.
Não desanime se seus problemas em casa
são enormes, mas precisas deixa-los de lado, colocar um sorriso no rosto e
entrar em sala de aula de bem com a vida, de bom humor.
Não desanime se sentir na fala ou no
semblante de seu aluno, abusos, fome, violência, pobreza, dor, indiferença, desrespeito,
problemas para mediar, além de ter que dar a sua aula.
Não desanime se o teu aluno não faz as
atividades de sala, os trabalhos ou as tarefas e ao entregar o boletim, te perguntarem porque
ele ficou com essa média, como pode isso.
Não desanime porque não consegues dar a
sua aula, pois precisa a todo o momento parar para pedir atenção, silêncio, estou
explicando a matéria, façam a atividade.
Não desanime se vês mais os seus alunos
do que sua própria família, parentes ou amigos, pois a sua jornada acabou na
escola, mas o final de semana é o dia da faxina, do tanque, do ferro de passar
roupa.
Não desanime se antes eras chamado de
mestre, senhor (a) e hoje te chamam de “e aí tio (a), e aí tiozinho” ou que nem
seja lembrado em seu próprio dia, porque o seu dia sempre é na “Semana do Saco
Cheio”.
Enfim, não desanimem NOBRES colegas,
vamos em frente companheiros, não desistam, insistam, persistam. E mesmo
passando por tudo isso e muito mais, sejamos firmes, pois nossa missão é linda,
nossos alunos e nosso país precisa de nós.
Sabemos, merecemos e devemos ser
valorizados pelo nosso trabalho profissional, pois passam pela escola, por
nossas mãos todos os cidadãos desta nossa Pátria Brasil.
Parabéns pelo nosso dia, pela nossa
perseverança.