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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Biografia de Armando Campos Belo

                                      ARMANDO CAMPOS BELO


Natural de Minas Gerais nasceu em Capela Nova das Dores, comarca de Barbacena, aos 12.01.1.907. Era o 8° filho de uma prole de 18 irmãos. Filho de Gaudêncio Marques de Araújo e Felisberta de Oliveira Belmonte. Era casado com Iraldina  Oliveira Campos, com quem teve 6 filhos. Cursou o nível superior no Colégio Mariano em Minas Gerais.
Tangido pela necessidade de trabalho, Armando Campos Belo veio para Mato grosso, desembarcando em Campo Grande. E antes que o ano de 1.930 terminasse, Armando transferiu residência para a cidade de Entre Rios, hoje com o nome de Rio Brilhante.
O primeiro trabalho conseguido foi o de professor na fazenda do Sr. Martinho Barbosa Martins, irmão de Vespasiano Barbosa Martins, este, tio e sogro do ex-governador Wilson Barbosa Martins. Em entre Rios (hoje Rio Brilhante), lecionou e trabalhou na Prefeitura Municipal como Secretário-Geral e tesoureiro.
Em 1.932 Armando Campos Belo participou ativamente, ao lado de Vespasiano Barbosa Martins, da revolução constitucionalista iniciada em São Paulo. Vespasiano, com o respaldo do General Klinger, comandante das tropas em Mato Grosso, promoveu a divisão do Estado, lavrando “o termo da divisão de Mato Grosso“, também foi assinado por Armando Campos Belo e demais companheiros idealistas, criando o estado de M.S que somente aconteceria 47 anos depois pelas mãos do General Ernesto Geisel, em 1977. O sonho de Vespasiano e de seus companheiros, incluído ai Armando Campos Belo, embora tardio, vingou. Aclamado Governador de Mato Grosso do Sul, Vespasiano, nomeou Armando Campos Belo interventor Prefeito de Entre Rios.
Armando Campos Belo, em 1937 transferiu residência para Dourados sendo o primeiro industrial de região. Com a abundância de matéria prima (laranja brava, azeda e nativa) encontrada em grande quantidade na região, começou então, a exploração dessa laranja brava pelas margens do Córrego Sardinha (hoje município de Itaporã).  Extraía a essência dessa laranja azeda quando ainda tenra (“Petit Grain”), produto indispensável como fixador de perfumes. A extração era por métodos rudimentares desenvolvidos pelo próprio Armando, e toda produção era exportada para os Estados Unidos da América.
Em 1946 fundou o Partido Trabalhista Brasileiro (P.T. B) em Dourados, lançando-se candidato a prefeito. Saiu vitorioso Antonio de Carvalho, o mecanógrafo Carvalhinho, pessoa muito querida por todos, dada a sua simplicidade.
Em 1950 concorreu novamente ao cargo de prefeito municipal, tendo como adversário o médico Nelson de Araújo. Perdeu as eleições por apenas 2 ( dois ) votos. Recontados os votos, o Tribunal Regional Eleitoral reconheceu a vitória de Armando Campos Belo apenas 1 ( um ) mês para o fim do mandato de Nelson de Araújo. Armando recusou-se em assumir a Prefeitura.
Foi eleito Prefeito de Caarapó, município recém-criado, para o período de 1966 até 1969. Naquele novo município construiu o paço Municipal e orientou sua administração para o fomento da educação.
Foi sócio fundador da Associação comercial e industrial e Dourados e promotor de Justiça por três anos. Era detentor da “Medalha Herói Antonio João” e do título de “Cidadão Douradense”.
Foi fundador do quadro local da seleta Caritativa e Humanitária de Dourados no dia 27 de agosto de 1968.
 
Foi um grande administrador, que contribuiu com a sua capacidade, pela grandeza de toda região da Grande Dourados.
De Armando Campos Belo, pode-se assinalar, ainda, o seguinte fato: quando se mudou de Dourados para Caarapó, ele instalou, naquela cidade, uma serraria que, em virtude de sensível recessão da época, trouxe-lhe muito prejuízo.
Comisso armando tornou-se endividado, o que o obrigou, muitas vezes, a soltar, no final de semana, cheques sem a necessária provisão de fundos, para saldá-los nos bancos no início da semana seguinte.
A situação estava quase insustentável, transformando seus finais de semana em verdadeiros pesadelos.
Diante de uma iminente inadimplência, chegou um sábado em que Armando largar de mão os compromissos. Pegou um anzol e algumas iscas e partiu para o Córrego Caarapó, onde pretendia ar largas ao tão apreciado lazer da pesca, esquecendo, assim as agruras da sacrificada vida.
À tardinha, sem que houvesse  fisgado um bagre sequer, aborrecido, voltando a pensar nas dívidas a serem contornadas, Armando regressava à sua casa, quando notou ali uma aglomeração de gente do povoado, o que induziu a pensar, negativamente, em um acidente com Iraldina  (dona Santa, sua esposa) ou com algum de seus filhos.
Nervoso, aproximou-se daqueles que, abraçando-o ali estavam para cumprimentá-lo, pela notícia de que ele havia sido contemplado com o primeiro prêmio da loteria federal, no valor de quatrocentos mil cruzeiros, que na época equivalia a quatrocentos mil dólares.
Para quem já estava há algum tempo no vermelho, aquilo foi como se estivesse caído do céu.
Armando recebeu os cumprimentos e, incrédulos daquela absurda realidade, dirigiu-se ao seu quarto onde retirou do interior de uma gaveta um breviário onde ele guardara o bilhete, e, passando em revista algarismo por algarismo concluiu que aquele era realmente o bilhete, cujo número constava como premiado, na lista trazida pelos seus amigos.
Dois dias após, foi recebido em Dourados pelos gerentes dos bancos, seus credores que passaram a oferecer-lhe toda sorte de vantagens.
Digno de nota é o fato de que Armando Campos Belo relutou muito na compra do bilhete, que lhe foi oferecido pelo genro do Moisés, o Walter Baiano, que pela insistência, recebeu no ato, apenas cinquenta por cento do seu valor, deixa do para um mês após, o recebimento do restante. O poder de persuasão de Walter, fez com que Armando Campos adquirisse o passe para a sua reabilitação financeira.
Faleceu em 06 de agosto de 1989. Armando Campos Belo faz parte de uma página da nossa história, a história de Dourados. Posteriormente ao seu falecimento, o então prefeito Brás Melo nominou o CEU do Jardim Santa Brígida (Primeiro CEU construído em Dourados) com seu nome. É uma boa página para ser lembrada, porque revela as boas qualidades de um pioneiro da nossa cidade.
Professor Gilberto Antonio Cantu